Educar para emancipar
O que é educar? Para que educar?
Qual a função do educador? E, consequentemente, qual a função social da escola?
Diante de uma sociedade enferma
atualmente educar tornou-se missão para poucos, fardo para alguns, bico para
outros, enfim, educar não é “ser” é “estar”.
A arte docente é provocar a
fascinação pelo desejo de conhecer e como provocar fascinação reproduzindo uma
cultura de massa imposta, tão claramente, por uma ideologia dominante? Cultura
esta tão duramente criticada e estudada por Markuse e Adorno em suas teorias a
respeito da indústria cultural. E o que Nietzsche chamou de Moral de Rebanho.
Não somos gado e nem ovelhas. Somos
animais sim, porém racionais. Somos dotados de razão, podemos criticar
racionalmente e por que escolhemos sermos levados como um rebanho?
Fascínio – do latim fascinatio – quer dizer ‘encantamento
mágico’. A criança, ao chegar à escola deve ser fascinada, encantada com um
novo mundo de possibilidades que se abre para ela. Um universo pulsante, em teoria,
vivo.
Piaget postula que, para alcançar
uma educação para a liberdade, o aluno precisa vivenciar uma educação que o
torne livre, ou seja, ele precisa ser desafiado a desenvolver sua inteligência
ativa e sua criticidade. Educar para a liberdade é propiciar a construção do
pensamento.
E como propiciar a construção do
pensamento se na escola propaga-se um círculo vicioso no qual o valor do aluno
é concebido pelo número de atividades de cópia e memorização que são capazes de
fazer? Ou enfileirados, com exercícios estéreis, sem valor para a formação do
homem (DRUMOND), podados em suas inquietudes.
As atividades desenvolvidas em sala
de aula podem envolver situações de aprendizagens concretas, significativas e
prazerosas ou métodos exaustivos, com muitas atividades mecânicas visando à
produção passiva e reprodução de uma saber que pertence ao professor.
Entendem que para aprender é
preciso que a criança permaneça imóvel durante horas realizando atividades
centradas pelo adulto. É a cultura da disciplina e do silêncio na qual as
interações representam indisciplina e “bagunça”.
Para Piaget conhecer não consiste,
com efeito, copiar o real, mas agir sobre ele e transformá-lo. Todo
conhecimento contém um aspecto de elaboração nova.
Há, hoje, uma dicotomia na educação:
a busca de uma epistemologia, pautada no conhecimento científico e numa prática
comprometida com o aluno. E, em contrapartida, uma cultura imediatista de
desrespeito e busca de resultados a qualquer custo.
Educar
para emancipar é ensinar a “pensar”! Nietzsche diz que para se aprender a
pensar, é preciso aprender a dançar. O pensamento são as ideias dançando. O
pensamento pula de uma coisa que ele conhece para uma coisa que ele não conhece:
uma fascinação.
Nossa
função como educadores é, inicialmente, aprendermos essa dança para depois
ensinarmos aos nossos alunos. Nós precisamos aprender a dançar! Para depois os
convidarmos ao baile, já que não adianta cobrar algo que nós não sabemos.
Aprender
a pensar não é algo fácil. Como afirma Ruben Alves que
não há nada mais fatal para o pensamento que o ensino das respostas certas. Com
as respostas certas não há construção, apenas repetição e com a repetição não
há aprendizado e sim condicionamento.
A
nossa missão como educadores é não darmos nada pronto. Temos que instigarmos os
nossos alunos. Façamos boas perguntas que os incitaremos. O que move o
conhecimento são as perguntas e somente as perguntas nos permitem entrar pelo
desconhecido.
Além
de tudo, aprender a pensar é uma postura histórico-crítica. É uma construção
conjunta: professor e aluno. E o que era uma díade – escola e professor –
transforma-se numa tríade – escola, professor e aluno.
Então
professor eu lhe pergunto:
QUAL É O SEU
?
Porque o meu
eu já descobri: escolho aprender a dançar! Não quero
repetição, quero construção; não quero condicionamento, quero aprendizado; não
quero as respostas, quero as perguntas; não quero ser passiva, quero ser ativa.
Enfim, quero ser transformada para, assim, poder transformar. Enfim,
escolho não ser indiferente!!!
É com essa
reflexão que lhes desejo professor, um ano cheio de FASCINAÇÃO!!!
Camila Vilela
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